sábado, 30 de junho de 2007

sobre crianças e feiticeiros

me lembrei de um episódio quando eu era uma criança. lembrando dele hoje até achei engraçado e por isso vou compartilhar aqui.

eu tinha manias bem esquisitas. mas manias esquisitas todas as crianças têm (e desconfio que algumas destas manias sejam mantidas mesmo depois de adultos).

pois bem. uma das minhas manias era brincar no quintal da minha casa. que na minha perspectiva não era apenas um quintal. era mais que isso: um local cheio de perigos e incertezas, que ficava longe do conforto do meu quarto e da vigilância da minha mãe. então era preciso muita cautela diante do que não se conhecia bem.

apesar dos perigos e das incertezas, lá era o meu local preferido para brincar e descobrir novas coisas. passava um rio atrás da cerca, e tinha como limites os quintais dos outros vizinhos. mas o meu quintal era o maior de todos. e o mais bonito também. neste ambiente eu permanecia durante todas as tardes após o almoço, permanecendo por lá até o anoitecer.

o mais legal era quando chegava o inverno. eu adorava brincar no meu quintal durante os meses de chuva. brincar na lama é fundamental para ser criança de fato, e na lama eu brinquei muito.

o grande ponto que eu quero trazer, na verdade é uma crença minha: eu me sentia poderoso quando começava a chover. eu acreditava que poderia controlar as forças da natureza lá do meu quintal. e que quanto mais eu fizesse força no meu pensamento e apontasse para o céu, mais forte seria a chuva. coisas de criança.

birrava quando tinha que acabar meu xamanismo antes do anoitecer. era algo que beirava o sublime e o secreto, e eu por isso eu desconfio que por trás de toda criança se esconde um feiticeiro.

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